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segunda-feira, 1 de junho de 2020

Minha experiência com o "Embaixador do Papa"

Nesta segunda-feira (1º/06), tão logo iniciado o mês de junho também a Igreja no Brasil recebeu uma importante comunicação da Santa Sé. Trata-se da transferência de dom Giovanni D'Aniello, até então Núncio Apostólico do Brasil, para a diplomacia vaticana na Rússia.
Conheci dom Giovanni em 2012. O Papa Bento XVI tinha instituído neste período o chamado "Ano da Fé" e eu estava como repórter do Jornal "Voz de Nazaré", em Belém. O diplomata tinha sido nomeado por Bento XVI para a Nunciatura Apostólica no Brasil em fevereiro deste mesmo ano. Poucos meses depois soubemos na capital paraense que ele estaria no Círio de Nazaré.
Desta feita, ocorreu o primeiro contato com ele. Por ocasião do Círio, dom Giovanni presidiu a Missa de início da Trasladação no dia 13 de outubro. Foi uma Missa (eu lembro bem) muito marcante. A música escrita pelo Pe. Fábio de Melo e dada à Fafá de Belém tinha acabado de ser lançada. Por isso, ao final da Missa, "Eu sou de lá" foi cantada diante do Núncio pela própria Fafá que, ousadamente, puxou o Arcebispo Metropolitano de Belém, dom Alberto Taveira Corrêa, para cantar junto com ela. Até hoje, em meus arquivos, eu tenho este vídeo. Mas, se ficou curioso com este momento, você pode conferir aqui.
Logo após este ato histórico, a procissão saiu e dom Giovanni ficou no Colégio Gentil Bittencourt. Tinha decidido ver somente a passagem da berlinda no Edifício Manoel Pinto. E assim o fez. Mas, antes que saísse, eu me aproximei e solicitei a entrevista prontamente concedida. Aliás, sempre o achei muito simpático no tratamento com a imprensa.
Em uma entrevista de pouco mais de dois minutos, ele falou sobre o Ano da Fé e as primeiras impressões da procissão mariana que acabara de conhecer. Confira abaixo a transcrição e o áudio (em baixa qualidade) da entrevista.
Em 2012, na entrevista concedida a mim para o Jornal Voz de Nazaré, logo após a saída Trasladação, no Colégio Gentil Bittencourt, em Belém-PA


Depois disso, tive pontuais contatos com dom D'Aniello. Não consigo lembrar com exatidão. Mas no ano seguinte, novamente no Círio, tive oportunidade novamente cumprimentá-lo. Depois foram outros rápidos contatos.
Em novembro do ano passado o Papa Francisco decidiu reestruturar a organização eclesiástica do Regional Norte 2 (Pará e Amapá): elevou a então Diocese de Santarém à Arquidiocese, transferindo o auxiliar de Belém, dom Irineu Roman para primeiro Arcebispo Metropolitano de Santarém; elevou à Prelazia do Xingu à Diocese de Xingu-Altamira, mantendo Dom João Muniz como Bispo Diocesano; e, por fim, criou a tão sonhada Prelazia do Alto-Xingu Tucumã, colocando o agostiniano dom Frei Jesús María Mauléon, como prelado. Bom, nem precisa dizer que com tudo isso, era super importante e sinal de prestígio a presença do Excelentíssimo Revdmº Núncio Apostólico no Brasil, dom Giovanni D'Aniello. Desta vez eu estava como assessor de comunicação da CNBB Norte 2, aí lembro bem os detalhes de infraestrutura e logística que tivemos que nos preocupar. Nunca vou esquecer este momento onde eu, na minha insignificância, pude estar nos bastidores de um ato histórico para a Igreja no Pará. Única celebração que eu me ausentei foi a do Alto-Xingu. Talvez isso mereça outra crônica porque foram muitas experiências (inclusive a de andar num jatinho pela primeira vez).
Começando as articulações, coube a mim ser o assessor de imprensa dos bispos que viessem e, claro, do Núncio Apostólico. Foi bem legal a experiência, embora eu tenha ficado muito nervoso de estabelecer com ele a comunicação necessária entre assessor e assessorado. Mas estando em Altamira, logo conversamos e acertamos os detalhes: ele preferia falar sempre ao final das celebrações, não via muito sentido falar antes do ato realizado, atenderia as demandas relacionadas somente com os eventos (achei super prudente essa ponderação dele, do jeito que estamos tão polarizados, uma fala fora de lugar pode gerar um mau estar geral).
E assim foram por 3 dias de convívio. Sempre muito humilde, espontâneo e brincalhão, conversava e perguntava sobre tudo o que não conhecia da região. Claro que, sempre, aos bispos, seus irmãos. Vez ou outra a mim ou a outra pessoa que estivesse por perto.
Com dom Giovanni em Santarém, logo após ter dado a posse ao novo arcebispo da Pérola do Tapajós
Cena digna de memória foi no táxi-aéreo que pegamos de Altamira para Santarém (por extrema necessidade depois de um voo ter sido cancelado). Era eu e mais 8 bispos numa aeronave pequena para nossos costumes. Obviamente, deixei todos os bispos entrarem primeiro e escolherem seus lugares. Ocorre que eu não tinha dimensão de como era lá dentro. Eles foram entrando e foram sentado logo nas primeiras poltronas que passavam, daí, naquele super-ultra-mega espremido corredor eu tive que passar com muita dificuldade, pelo pouco espaço e pela mínima altura. Eu, praticamente, engatinhei para chegar na primeira poltrona que era a única vazia a me esperar. Com caridade, dom Giovanni me ajudou, se esquivou na cadeira e depois colocou a mão na minha costa para não esquecer que o teto era baixo.
Mais adiante, após a decolagem, todos estavam num digno repouso. Eu também. Mas, com exceção de dom Jesús Mauléon - que pela primeira vez na vida estava no Pará, o Núncio era o único que ia atento contemplando nossas matas e rios com aquela visão privilegiada. Eu lembro que ofereci água para ele por, no mínimo, três vezes, e ele sempre sorria e dizia que não. Na última vez que ofereci, ele sorrindo, mostrou-me que tinha uma garrafinha com ele e estava cheia (por que logo na primeira vez ele não mostrou isso? rs).
No apertado avião saindo de Altamira para Santarém. Dom Giovani aparece de batina branca, no fundo da aeronave.



Bom, foi uma experiência super agradável. E acho que foi a maior autoridade eclesiástica da Igreja que eu já assessorei, hehehe. Isso é inesquecível por si. Em uma rede social eu postei a foto abaixo e escrevi: "não é todo dia que se assessora o embaixador do Papa".
Hoje, percebendo a transferência, desejo a dom Giovanni muito êxito nesta nova missão que ele assume. Certamente será árdua, haja vista o histórico da Rússia. Porém, com a experiência que ele tem certamente poderá contribuir e muito...


SEGUE A ENTREVISTA feita em 13/10/2012: 


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